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14.ª Edição das Medalhas L’Oréal Mulheres para a Ciência

As investigadoras Carina Crucho, Dulce Oliveira, Inês Bento e Margarida Fernandes foram as vencedoras da 14.ª edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência. O concurso é uma iniciativa da L’Oréal Portugal em parceria com a Comissão Nacional da UNESCO e a FCT e tem o apoio da Ciência Viva. As medalhas foram entregues numa cerimónia que teve lugar no dia 21 de março, no Pavilhão do Conhecimento.

Este prémio é atribuído anualmente, tem o valor unitário de 15.000€ e é dirigido às jovens cientistas portuguesas doutoradas com idade até 35 anos, que desenvolvem investigação em Portugal e efetuam estudos originais e relevantes para a saúde e/ou o ambiente. Instituído em 2004, o prémio visa motivar e apoiar as jovens cientistas a prosseguirem com os seus projetos, tendo até à data distinguido 45 investigadoras em Portugal. Este ano, mais de 70 jovens cientistas portuguesas submeteram os seus projetos a concurso, avaliados por um júri científico presidido por Alexandre Quintanilha.

Sobre as investigadoras premiadas:

Carina Crucho

Carina Crucho, do Instituto Superior Técnico, procura desenvolver um sistema de distribuição e de libertação controlada de antibióticos, que alia os antibióticos à nanotecnologia com o intuito de alcançar uma maior concentração local de antibiótico, para potenciar o seu efeito terapêutico e evitar a necessidade de dosagens cada vez mais elevadas. Este estudo poderá auxiliar na superação da ineficácia dos antibióticos convencionais ou até dar-lhes uma nova vida, contribuindo para o desenvolvimento de uma nova geração de nanopartículas mais eficientes no combate a bactérias resistentes. Doutorada na área de Química Orgânica pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, atualmente Carina Corucho é investigadora de pós-doutoramento financiada pela FCT no Instituto Superior Técnico, onde se encontra a desenvolver o projeto “A spoonful of sugar helps the medicine go down: mesoporous silica glyconanoparticles for theranostics”.

 

Dulce Oliveira

Dulce Oliveira, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), encontra-se a realizar um estudo que, pela primeira vez, analisa indicadores climáticos, marinhos e terrestres em sedimentos marinhos da margem Ibérica e da costa leste dos EUA. Esta análise possibilita compreender os mecanismos que naturalmente estão associados a extremos climáticos (seca, chuvas intensas, incêndios) e avaliar o seu impacto nos ecossistemas da Península Ibérica e costa leste dos EUA. Desta forma, será também possível dispor de informação essencial para a previsão e modelação climática no futuro, bem como para a definição de uma política ambiental eficiente e economicamente sustentável.

Doutorada na área de Ciências e Ambiente, no ramo Geologia Marinha e Paleoclima (2017), Dulce Oliveira tem estado ligada a várias instituições, como: EPHE-Universidade PSL de Paris, Centro de Ciências do Mar-Universidade do Algarve, Instituto Dom Luiz-Universidade de Lisboa e a EPOC-Universidade de Bordéus, instituição que lhe conferiu o grau. Recebeu depois um contrato de pós-doutoramento na área de Paleoclima, também na Universidade de Bordéus. Já este ano, conquistou uma bolsa de investigação na área de Geologia Marinha – Paleoclima & Palinologia marinha, no projeto ULTImATum “Understanding past climatic instabilities in the North Atlantic Region”, que é financiado pela FCT e com que se candidatou aos prémios L’Oréal.

 

Ines Bento

Inês Bento, do Instituto de Medicina Molecular, através do seu projeto, pretende identificar um dos mecanismos conservados do parasita da malária: a existência de um ciclo circadiano, que permite a este parasita intracelular controlar o tempo, antecipar e adaptar-se às alterações cíclicas e previsíveis do seu ambiente. Perceber a relevância deste ciclo na sobrevivência, virulência e transmissão do Plasmodium e o conhecimento mais profundo das interações ‘parasita-hospedeiro’ em todas as fases de desenvolvimento do mesmo vão permitir o estudo de novas estratégias de combate à doença. Com este estudo também será possível identificar um alvo terapêutico universal a todas as etapas da vida do parasita.

Em 2008, a investigadora iniciou o doutoramento do Instituto Gulbenkian de Ciência, tendo desenvolvido o projeto de investigação no Laboratório de Regulação do Ciclo Celular. Em 2012 defendeu a sua tese de doutoramento e em 2014 iniciou o projeto de pós-doutoramento no Instituto de Medicina Molecular numa nova área de investigação, a parasitologia.

 

Margarida Fernandes

Margarida Fernandes, do Centro de Física/Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho, está a investigar uma nova geração de materiais ativos para a engenharia de tecidos ósseos. Estes materiais respondem a estímulos físicos, como solicitações magnéticas e mecânicas, promovendo o crescimento celular de osteoblastos (células de osso). O desenvolvimento destas técnicas de engenharia de tecido, que inclui a utilização de materiais inovadores para a criação de tecido ósseo novo através da estimulação da capacidade natural de regeneração dos tecidos do paciente, vai contribuir para o tratamento de lesões e doenças ósseas que afetam milhares de pessoas em todo o mundo.

Realizou o doutoramento no Departamento de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho, na área da Ciência dos Materiais/Biotecnologia. Concluiu o primeiro pós-doutoramento em Espanha, na Universidade Politécnica da Catalunha, no Departamento de Engenharia Química. Atualmente está a fazer investigação em Portugal, no “Electroactive Smart Materials Group” do Centro de Física/Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho, no projeto “Nanocompósitos magnetoeléctricos como plataformas para a regeneração de tecido ósseo”.