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A FCT na resposta à COVID 19

O ano de 2020 ficou marcado mundialmente pelo surgimento da pandemia de COVID 19, que continuamos a combater em 2021. Desde o primeiro momento, o conhecimento e a ciência foram colocados na primeira linha de resposta à pandemia, com uma convicção alargada de todos os setores da sociedade de que apenas com mais conhecimento e ciência poderiam ser encontradas soluções.

Em Portugal verificou-se uma extraordinária mobilização da comunidade científica e das instituições públicas e privadas de I&D, com o desenvolvimento de iniciativas que se traduziram na disponibilização de meios e pessoas para a realização de testes de diagnóstico, na procura de novas terapias de tratamento de doentes e no desenvolvimento de soluções inovadoras para equipamentos de proteção e tratamento. Também a comunidade educativa se adaptou com rapidez ao ensino remoto.

A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito das suas atribuições e competências, procurou de imediato desencadear todos os mecanismos ao seu alcance para fazer parte deste esforço coletivo de combate à COVID 19. Ao longo do ano desenvolveu e promoveu, na sua qualidade de agência financiadora da ciência, iniciativas de apoio à comunidade científica. No geral, este apoio foi dirigido à investigação orientada para respostas à epidemia, alavancando a capacidade científica já existente, à formação avançada em doutoramentos para criar competências a médio prazo na área da virologia e epidemiologia e ao reforço da capacidade de trabalho a distância nos meios académicos e científicos e à disponibilização de informação de I&D sobre a pandemia.

A FCT reforçou igualmente toda a capacidade tecnológica instalada de apoio à comunidade científica e de ensino gerida pela sua Unidade de Computação Científica Nacional (FCCN), o que permitiu assegurar que toda a infraestrutura de redes de comunicação digital funcionasse, mesmo durante a pressão registada no período de confinamento.

No total, a FCT investiu cerca de 13 milhões de euros neste quadro de apoios extraordinários à comunidade científica no combate à COVID 19, que se consistiram nas iniciativas que seguidamente se resumem:

1) Financiamento de iniciativas de investigação

a)      Research4Covid-19” – apoio especial a projetos de implementação rápida para soluções inovadoras de resposta à COVID-19. Aprovadas 121 propostas com um financiamento total de 3,8 milhões de euros. Apoio com a colaboração da AICIB – Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica;

b)       “GenderResearch4Covid-19” – apoio especial para estimular a produção e difusão de conhecimento sobre os impactos de género da pandemia provocada pela COVID-19. Aprovadas 15 propostas com um financiamento total de meio milhão de euros. Apoio em articulação com a Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade e com o apoio da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género;

c)       “AI4Covid-19” – concurso de projetos de I&D em processamento dos dados e inteligência artificial na Administração Pública no âmbito da pandemia. Aprovados 12 projetos com um financiamento total de 2,9 milhões de euros;

2) Formação avançada a nível de doutoramento

Doctorates4Covid-19” – concurso para atribuição de bolsas de investigação para doutoramento dirigido ao estudo do SARS-Cov2 e da Covid-19. Aprovadas 50 bolsas, num investimento de total 3,5 milhões de euros;

3) Melhoria das condições para o trabalho no meio académico e científico

a)       “Verão com Ciência” – iniciativa para estimular “Escolas de Verão” em Politécnicos e Universidades, com atividades de investigação presenciais. Apoio em colaboração com a Direção Geral do Ensino Superior (DGES). Aprovadas 80 propostas, com a atribuição de 1078 bolsas de iniciação à investigação ou de investigação. Investimentos de 2,2 milhões de euros;

b)      Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade (RCTS) e Gigapix – reforço da RCTS, que suporta as ligações à internet da comunidade de ensino e investigação, e do GigaPIX, infraestrutura que funciona como ponto neutro de troca de tráfego internet em Portugal, que permitiram assegurar o tráfego exponencial durante o período de confinamento. Infraestruturas geridas pela FCCN;

c)      Plataforma Colibri – permitiu operar a resposta às necessidades do ensino e trabalho a distância no ensino superior e investigação, que no período de confinamento (março e junho de 2020) registou um aumento de utilização de mais de 2800%.

d)      Serviço eduVPN – serviços e ferramentas digitais para apoio ao ensino e à ciência no âmbito da rede GÉANT, a que pertence a unidade FCCN: portal educast para a gravação, edição e partilha de vídeos educativos; Videocast para a transmissão de vídeo via Internet; e filesender para partilha segura de ficheiros;

e)      NAU – plataforma reforçou a formação e qualificação com cursos gratuitos para a formação dos trabalhadores em regime de teletrabalho e sobre a forma de lidar com a situação de pandemia. Gerida pela unidade FCCN.

4) Informação de I&D sobre a pandemia

Science4Covid-19” – portal para mobilizar as comunidades científicas em projetos e atividades conjuntas de Investigação I&D que visem o combate à COVID-19. Inscritas 118 ideias e ações. Em colaboração com a AICIB.

O sucesso no desenvolvimento destas iniciativas foi possível graças a uma extraordinária motivação dos cientistas e de toda a comunidade educativa, bem como à sua capacidade de mobilização e de colaboração entre áreas científicas e sectores. Somos hoje confrontados com outros problemas complexos ao nível mundial, como são por exemplo as alterações climáticas ou os desafios demográficos, que exigem uma intervenção multidisciplinar e uma cooperação da ciência com dois setores que intervêm profundamente na sociedade: a administração pública e as empresas. Se esta pandemia mostrou claramente esta complexidade e os limites do nosso conhecimento, ela também mostrou que as respostas encontradas só foram possíveis porque já existia em Portugal uma estrutura científica forte, com muita competência acumulada nas áreas da de investigação e de inovação.