Saltar para o conteúdo principal

Cientistas a trabalhar em Portugal partilham Prémio Breakthrough em Física Fundamental

O Prémio Breakthrough em Física Fundamental 2016 distinguiu cinco experiências internacionais, colaborativas, pela descoberta fundamental e investigação da oscilação de neutrinos. As cinco equipas são constituídas por 1377 investigadores (maioritariamente físicos), incluindo quatro cientistas do LIP – Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, um dos centros de investigação nacionais financiados pela FCT. Todos os membros das cinco equipas partilham o reconhecimento do prémio, e os 3 milhões de dólares (2,79 milhões de euros) do prémio.

Segundo um comunicado sobre o prémio, a investigação realizada pelas equipas vencedoras “revela uma nova fronteira para lá, possivelmente muito para lá, do Modelo-Padrão da física de partículas”. Em conjunto, as experiências contribuíram para mostrar que os neutrinos têm a capacidade de mudar de identidade ao viajarem do sol para os detetores na Terra, ou nos aceleradores de partículas, construídos precisamente para investigar a natureza e comportamento destas partículas. Estas descobertas levaram à conclusão de que, contrariamente ao que se pensava, os neutrinos têm massa, por muito pequena que seja. Estas conclusões têm implicações para o Modelo-Padrão da física de partículas, que requer que os neutrinos não tenham massa.

As novas observações abriram uma nova geração de experiências, na fronteira entre a física de partículas e a cosmologia, que poderão ajudar os físicos a compreender estas que são, provavelmente, as partículas mais enigmáticas da Natureza. A seguir às partículas da luz, os fotões, os neutrinos são as partículas mais abundantes no universo – a Terra é constantemente bombardeada por neutrinos. Conseguem atravessar quase qualquer tipo de matéria, sendo difíceis de detetar – milhares de biliões de neutrinos atravessam os nossos corpos em cada segundo. 

A descoberta da oscilação de neutrinos foi reconhecida este ano através do Prémio Nobel da Física, que distinguiu Takaaki Kajita e Arthur McDonald, diretores das experiências SuperKamiokande Collaboration (Japão) e SNO – Sudbury Neutrino Observatory (Canadá) – duas das experiências vencedoras do Prémio Breakthrough. As outras três experiências são:  Daya Bay Reactor Neutrino Experiment (China e EUA), KamLAND Collaboration(Japão) e K2K (KEK to Kamioka) e T2K (Tokai to Kamioka) Long Baseline Neutrino Oscillation Experiments (Japão). 

José Maneira, Nuno Barros and Gersende Prior integraram a experiência SNO (liderada pelo prémio Nobel Arthur McDonald). Sofia Andrigna fez arte da equipa das experiências K2K e T2K. Todos estão atualmente envolvidos na experiência sucessora à SNO – SNO+ – que continuará a estudar os neutrinos solares.

José Maneira

Sofia Andringa

Os Prémios Breakthrough foram criados por Sergey Brin (Google), Anne Wojcicki (23and Me), Mark Zuckerberg e Priscilla Chan (Facebook), Yuri e Julia Milner, e Jack Ma e Cathy Zhang. Distinguem “sucessos importantes, sobretudo recentes, nas categorias de Física Fundamental, Ciências da Vida e Matemática”. Em 2016, na 3ª edição, foram atribuídos 22 milhões de dólares (19,5 milhões de euros) às três categorias, a uma nova categoria Breakthrough Junior Challenge (para vídeos produzidos por jovens entre os 13 e os 18 anos, comunicando grande ideias nas ciências da vida, física ou matemática), e cinco prémios New Horizons (distinguindo os sucessos de jovens cientistas).

(Crédito imagens: LIP)