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Green Projects Awards premeiam investigação sobre Detergentes Verdes

A investigação sobre detergentes verdes, desenvolvida na tese de Nuno Faria, Doutorado do Programa MIT Portugal (MPP), Frederico Ferreira, Professor do Instituto Superior Técnico e do MPP, e César Fonseca, Investigador responsável pelo projeto FCT “TAKE-OFF” no Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), foi distinguida com o Prémio Jerónimo Martins/Green Project Awards, na categoria Investigação e Desenvolvimento, prémio que resulta de um concurso avaliado pela Quercus, pela Agência Portuguesa do Ambiente e pela GCI, para premiar o desenvolvimento sustentável.

Mais de 90% dos detergentes comercializados hoje em dia são sintetizados quimicamente a partir de recursos não renováveis, não sendo na maioria dos casos biodegradáveis e tendo por isso significativo impacto ambiental, nomeadamente na contaminação de águas. Inclusivamente, os biodetergentes disponíveis no mercado são produzidos a partir de óleos vegetais, competindo diretamente com a produção de alimentos. Esta nova tecnologia desenvolve o fabrico de detergentes verdes a partir de recursos renováveis, utilizando biomassa como matéria-prima, reduzindo desse modo o impacto ambiental e diminuindo o custo da produção. Utiliza processos de purificação de produto menos intensivos e os resíduos resultantes são biodegradáveis e não-tóxicos.

O processo inclui algumas das operações utilizadas na produção de biocombustíveis, especificamente no bioetanol de segunda geração (2G ou lenhocelulósico). A preparação das matérias-primas e enzimas é a mesma mas com outra levedura, que em vez de produzir etanol produz um glicolípido com propriedades de biodetergente. Neste momento o fabrico acontece em laboratório e leva 10 dias, passando pela preparação da matéria-prima, bioconversão com recurso a leveduras cultivadas em bioreactor e recuperação e purificação do produto obtido para posterior aplicação.

Os detergentes verdes são uma alternativa sustentável que pode ser utilizada em casa e nas empresas, bem como noutras aplicações para a indústria farmacêutica e cosmética, com um impacto ambiental muito reduzido. A investigação já deu origem a uma patente internacional, e a equipa está expectante sobre viabilidade do produto ser comercializado em breve, tendo iniciado o contacto com empresas nacionais e internacionais para desenvolver a tecnologia numa vertente industrial. Prevê-se também o desenvolvimento de outras aplicações desta tecnologia, tendo em vista uma pipeline de produtos amigos do ambiente.

Esta investigação enquadra-se nos objetivos da segunda fase da parceria MIT (Massachusetts Institute of Technology) – Portugal, uma das 4 parcerias com universidades americanas financiadas pela FCT. Renovada em novembro de 2012 por mais 5 anos, a segunda fase destas parcerias prevê um maior ênfase em projetos de investigação conjuntos entre universidades/centros de investigação e empresas, dirigidos à resolução de problemas concretos e nos quais estudantes e investigadores participem. Assenta numa mudança de enfoque, da formação pós-graduada e criação de massa crítica, para um reforço da inovação e do empreendedorismo.

(A partir de notícia do Programa MIT-Portugal)