Saltar para o conteúdo principal

Nanotecnologias permitem criar vacina nasal contra a hepatite B

Uma nova estratégia de imunização contra a hepatite B não injetável foi desenvolvida por investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra em colaboração com a Universidade de Genebra. A fórmula é uma vacina em forma de spray nasal.

A hepatite B é uma doença infeciosa transmitida pela exposição ao sangue ou fluídos corporais de uma pessoa portadora do vírus VHB. Após a infeção, o vírus afeta as células do fígado e pode conduzir à morte do doente. A Organização Mundial de Saúde estima que anualmente as doenças associadas à hepatite B são responsáveis pela morte de 780 mil pessoas a nível mundial.

Em países em vias de desenvolvimento onde escasseiam meios financeiros e humanos para suportar os custos da administração de vacinas injetáveis, a imunização por via nasal é uma alternativa mais económica e segura. Esta terapêutica permite ainda eliminar os riscos de infeção provocados pela reutilização de seringas na administração de injetáveis.

Olga Borges, investigadora do Grupo de Vetores e Terapia Génica do CNC, e uma das coordenadoras deste projeto, explica que a vacina genética concebida em forma de spray nasal apresenta uma composição baseada em “plasmídeos”. Estes são moléculas teoricamente mais resistentes às variações de temperatura do organismo, que transmitem informação genética (ADN) para o interior das células, ativando os mecanismos de defesa contra o vírus da hepatite B. No processo, as moléculas terapêuticas são transportadas em nanopartículas poliméricas, desde a mucosa nasal até ao interior das células.

No comunicado do CNC, a investigadora realça as possibilidades abertas pela investigação desenvolvida. “As nanopartículas desenvolvidas também poderão ser usadas na composição de vacinas que previnem doenças sexualmente transmissíveis (DST), porque induzem a produção de anticorpos pelo nosso organismo ao nível da mucosa vaginal de forma mais eficaz que as vacinas injetáveis”, afirma.

O processo de indução de anticorpos por via nasal foi testado em ratinhos, que a partir desta formulação, devolveram resposta imunitária. Foi demonstrado que a via nasal permite “uma maior capacidade de induzir anticorpos na mucosa dos órgãos reprodutores”, face à via oral.

Esta linha de investigação foi iniciada em 2003, com o desenvolvimento de nanopartículas para a produção de vacinas não injetáveis. Em 2012 foi financiada pela FCT no âmbito dos projetos de I&D da área de Bioengineering, Biotechnology and Biochemistry.

O trabalho encontra-se publicado na reputada revista científica “Molecular Pharmaceutics”.

Mais informações em: 

Comunicado Spray nasal contra a hepatite B | Centro de Neurociências e Biologia (CNC)

Artigo “Intranasal Administration of Novel Chitosan Nanoparticle/DNA Complexes Induces Antibody Response to Hepatitis B Surface Antigen in Mice | Molecular Pharmaceutics